1.18.2012


Igraine,

Hoje é sexta-feira treze. Algumas pessoas acham que é dia de azar. Outras que é dia de sorte. Para mim é o teu dia, um dia místico. Simples assim. Consigo te ver fiando, olhando o horizonte sem realmente ver o que está lá, pois você está vendo o que está por vir - ou o que passou, ouvindo os sussuros do passado e do futuro.
Eu sempre procurei desculpas para o que você fazia. Às vezes era a idade, outras  vezes era a obediência ou a fé. Acho que sempre fui condescendente com você. E olha que normalmente eu não sou assim. Não olhe para mim com esse olhar enviezado. Eu te respeito, hoje posso dizer isso.
Sempre houve em mim essa simpatia que eu tentava explicar - eu gosto de explicar as coisas, inclusive e principalmente meus sentimentos. Via a menina que se casou para satisfazer a vontade da família e que estava traindo para satisfazer a vontade da mesma família e pensava "nossa como você é bobinha, Igraine". Nunca consegui antipatizar você. Tentei sim, quando te vi sendo uma mãe relapsa, um bibelô ao lado de Uther, uma Rainha Mãe apagada...
E eu vi você crescer, Igraine. Te julguei muitas vezes, afinal quem nunca julgou injustamente? Fico feliz de ter tido tempo de mudar meu julgamento, de ter ver por quem você é, de saber que por mais que parecesse, você não era uma bobinha manipulada. E parecia tanto...
Vou me repetir dizendo que sempre simpatizei contigo, mas não chegava a nada além disso, uma simpatia. Daquelas que temos por alguém que nós não destestamos, mas não fazemos questão de estar perto, daquelas que temos por bebês, mas não queremos ter trabalho com eles. E essa simpatia meio vazia durou até perto da sua morte.
Fico feliz por não ter te julgado daquela vez, quando você foi para o convento. Não me magoou, na verdade nem incomodou. Provavelmente porque eu sempre tive em mim que na verdade não importa a religião que a pessoa segue, desde que ela seja alguém verdadeiro. Eu sempre te achei verdadeira, Igraine. Com todas suas falhas, com todo seu amor, com todo seu sofrimento, você foi verdadeira, completa.
À beira da morte você falou exatamente o que eu penso, que a Deusa está acima de todas as religiões, as religiões aparecem e desaparecem, mas a Deusa pemanece.
Eu senti tua dor, Igraine, quando você falou que não tinha bebido cicuta, mas era como se tivesse bebido, e que o frio estava chegando a teu coração. Naquele momento, naquele último momento, eu te amei integralmente.
Amo tua memória.

Amor,

Rebeca

"Ela também é Grande rainha desta terra..."


Essa carta foi escrita sexta-feira passada, infelizmente não pude postar na data.

2 comentários:

Tangerina disse...

Beca, essa carta ficou tão linda! <3 Eu também era desse jeito, julgando a Igraine de bobinha. Nunca desgostei dela, apenas pensava nela como "fraca". E que tremenda injustiça, né? Depois de ler e pensar melhor, eu percebi o quanto a Igraine tinha força, e como adorava a personagem. Infelizmente, ainda não superei a mágoa de quando ela casa com o Uther e para de cuidar da Morgana e do Arthur hahaha Mas vamos lá. Ficou linda.

Antônio LaCarne disse...

fanzaço do blog.

como não pude ter passado por aqui antes?

putz

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