5.01.2011
Eu ainda tenho muito a melhorar.

Vejo pessoas sendo espancadas por quaisquer motivos, sua orientação sexual, peso, religião, o time que torce ou ainda por ser amigo de alguém. E quando vejo essas coisas sinto o desejo de revidar com a mesma moeda, de neutralizar o agressor com violência, porque, já que é a língua que usa, essa deve ser a língua que essa pessoa entende.

Revolta-me que essas pessoas não entendam, porque racionalmente falando é fácil entender o porquê não se deve bater alguém por ele ser e pensar diferente de você.

Ontem meu irmão sintetizou algo que me marcou: "Quando é o emocional que fala, o racional não tem lugar. Porque o emocional sente sem razão, e se ele sente a razão não tem espaço."

E é verdade. Provavelmente é por isso que essas pessoas batem em outros sem existir um motivo aparente, porque a razão foi passear e o emocional dá todas as provas - mesmo que falsas - de que ela está correta, mas eu ainda não consigo me conformar. É bom que eu não me conforme, quem se conforma com o mal contribui para a existência e proliferação dele. Meu amigo Nazareno já dizia "Quem comigo não ajunta, espalha".

Porém existe dentro de mim lado a lado com o inconformismo a dor violenta, aquela que quer revidar, que quer praticar a lei antiga do "olho por olho, dente por dente".

Porque mesmo nunca tendo passado por isso, também dói em mim ver essas pessoas sendo atacadas, é uma dor física retorcida em minhas entranhas. E eu ainda não sei lidar com isso de forma que não surja algum desejo violento.

É isso que percebi que tenho que melhorar no momento. Porque enquanto eu desejar quebrar uma cadeira nas costas de duas adolescentes que espancam um transsexual eu ainda estou no mesmo patamar delas, sou uma semente de guerra, pronta para brotar.

E enquanto eu continuar sendo assim não me sinto na posição de criticar a violência de ninguém, porque quando meu emocional fala, usa a mesma linguagem que elas usaram.

Mas sei que só por ter percebido isso em mim e me esforçar para mudar esse sentimento já estou um passo à frente. Não à frente das outras pessoas, mas à frente do que eu estava ontem.


"Je chante la romance,
Je chante les milords
Qui n'ont pas eu de chance!
Regardez-moi, Milord,
Vous n'm'avez jamais vue...
...Mais... vous pleurez, Milord?
Ça... j'l'aurais jamais cru!...
"

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